O ritual indígena da aldeia Yawalapiti, no Alto do Xingu, homenageia os originários mortos

Todos os anos, os indígenas do Alto no Xingu, no Mato Grosso, fazem uma celebração em homenagem aos integrantes que já partiram. O nome do ritual chamado Kuarup é o nome de uma madeira. Então, troncos são ornamentados e montados no centro da celebração e cada um deles representa um integrante já falecido.
Ao final da cerimônia, os troncos são jogados no rio. Os índios acreditam que após o Kuarup as almas dos mortos vão se libertar e viver em outro mundo.
Nesta mesma celebração, é realizado o ritual de passagem das meninas para a vida adulta. Elas são apresentadas para a tribo após um ano de reclusão em suas casas.
Comidas, danças, cânticos e rezas fazem parte da celebração. O último momento é o das lamentações, quando são erguidos troncos de madeira pintados e enfeitados com faixas de cor amarela e vermelha e alguns objetos do morto. Os índios choram pela última vez a partida dos seus entes queridos, representando o fim do período de luto.
O evento de 2021, que aconteceu no mês de setembro, foi marcado pela despedida do cacique Amulaururu Aritana, falecido no ano passado de Covid, aos 75 anos.
Aritana era o cacique geral dos Yawalapiti. Poliglota e líder respeitado, atuava em defesa dos direitos do seu povo e da sua terra. Por muitos anos, lutou pela preservação ambiental do parque indígena, onde ensinou sobre sabedoria, lealdade e respeito à natureza e seres humanos.
A equipe Ecoarts esteve presente na celebração e participou do ritual indígena.