01/09/2020

A riqueza e a diversidade encontradas no chão da floresta amazônica

Ousadia no uso de elementos da floresta geram valor, oportunidades e contribuem para manter a floresta em pé

Você sabia que o solo da floresta amazônica abriga a maior biodiversidade do planeta? Este riquíssimo ambiente pode ser comparado a um enorme laboratório com mais de 5,5 milhões de quilômetros quadrados de extensão.

Compreender o chão da floresta amazônica e sua biodiversidade ajudam a entender o ambiente de atuação da Ecoarts. Este emaranhado de folhas, galhos e troncos pode até parecer sem valor para aqueles que tem um olhar menos aguçado.  Apenas com um olhar atento aos pequenos detalhes da floresta é possível entender as infinitas possibilidades que ela oferece. E é aí que começa o trabalho da Ecoarts, com a coleta de tudo aquilo que cai no solo, que à princípio, era visto como algo sem valor, passa a ter um significado. Sementes, frutos, cascas e troncos se transformam em produtos únicos como esculturas, joias da floresta e objetos de alta decoração. Os elementos da floresta somados ao design, à inovação e ao conhecimento desta ancestralidade, são transformados em peças únicas, contemporâneas e de forte identidade global.

A Ecoarts se dedica há mais de 15 anos na disseminação de iniciativas para manter a floresta em pé, com o mote “conhecer para preservar”. Esta tarefa de coleta, tratamento e design, a partir de resíduos florestais, começou com o trabalho de duas famílias. Hoje são 20 famílias do município de Marcelândia, no estado do Mato Grosso, envolvidas no processo. Com a recente parceria formalizada com a Rede Portal da Amazonia, em breve, teremos mais 120 famílias trabalhando na coleta e tratamento destes resíduos. Envolver a comunidade local é essencial para o nosso processo produtivo, pois além de  gerar renda na região, permite que as famílias também se dediquem às atividades regenerativas, como a manutenção de viveiros e replantio de espécies produtoras de sementes e frutos.

Como o objetivo da Ecoarts é manter floresta em pé, foi criado um modelo regenerativo, onde as sementes que não são utilizadas no artesanato,  vão para os viveiros municipais para geração de mudas e replantio de novas espécies. O que começou com coleta e tratamento de resíduos e confecção de peças, se transformou num social business. Um modelo de negócio que envolve o desde a coleta até o replantio de sementes, evitando assim a erosão genética e cultural da Amazônia brasileira. “Queremos criar novas oportunidades de negócios para a floresta em pé e isso só é possível quando é  viável  economicamente. Mostramos que um quilo de semente pode valer mais que um quilo de carne (@de boi, como é usado pelos agricultores)”, explica Marcia Martins Miguel, fundadora da Ecoarts. “Um exemplo disto é o Carvoeiro (Tachigali paniculata), espécie muito utilizada para recuperação ambiental, cujo quilo da semente custa R$369,60. Enquanto o quilo de carne sai por R$ 236,00, em Mato Grosso”, complementa.